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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Dinâmicas intra-organizacionais, UCCCMontemor, Santanita


Dinâmicas intra-organizacionais. Um olhar na perspectiva da análise de redes sociais num serviço de saúde. (Dissertação da VIII Edição do Mestrado em Intervenção Sócio Organizacional em Saúde. (ESTESL /Universidade de Évora). Orientador: Professor Doutor Joaquim Fialho).
(Carla Santanita, Enfermeira)

PALAVRAS-CHAVE
Redes sociais, análise de redes sociais, cooperação intra-organizacional, organização e capital social.
RESUMO
A cooperação encontra-se presente na vida do Ser Humano desde a sua existência primordial, apontando assim para colaboração entre indivíduos, no sentido de alcançar objectivos comuns. No entanto, ainda que a totalidade dos membros de um grupo beneficiem da cooperação de todos, o interesse próprio de cada indivíduo pode agir em sentido contrário. Cooperar é para cada ser humano, fazer a sua parte na rede de interdependências necessárias à sua sobrevivência. Um aumento de nível de cooperação pode levar a um aumento de competitividade para com outros grupos externos à organização, levando a que a esta apresente vantagens competitivas. Esta comunicação centra-se na identificação do nível de cooperação numa Equipa Multidisciplinar de um serviço de saúde no distrito de Évora, tentando compreender as dinâmicas intra-organizacionais entre os diferentes actores sob a orientação metodológica da Análise de Redes Sociais “Social Analysis Networks”.
As organizações de saúde são organizações muito específicas, constituídas por os mais variados grupos sócio profissionais, detentores de um conjunto de saberes próprios. Estes diferentes profissionais conferem vida e especificidades muito próprias às organizações embora possuam um mesmo objetivo, prestar cuidados de saúde de uma forma holística aos utentes que recorrem aos seus serviços. É certo que, atualmente, pelas mais variadas razões que vivemos, as organizações são obrigadas a delinear estratégias que lhes confiram criatividade e inovação de forma a tornarem-se cada vez mais competitivas. Os utentes cada vez mais se apresentam mais exigentes e são detentores de mais informação, exigindo cuidados rigorosos e de excelência aos diferentes profissionais. Nesta perspetiva, faz todo o sentido compreender as dinâmicas intra-organizacionais num serviço de saúde e compreender os seus impactos na organização.
Assim, a temática da presente investigação centra-se nas “Dinâmicas Intra-Organizacionais. Um Olhar na Perspetiva da Análise de Redes Sociais num Serviço de Saúde” tomando como pergunta de partida: “Qual o nível de cooperação existente numa Equipa Multidisciplinar num serviço de saúde?”. Assim, perante a pergunta de partida e problemática construída, resultam os seguintes objetivos gerais / específicos:
Objetivos Gerais:
·         Compreender a dinâmica de cooperação numa Equipa Multidisciplinar num serviço de saúde específico;
·         Construir uma proposta de intervenção para melhorar os níveis de cooperação na organização.
Objetivos Específicos:
·         Representar a rede da Equipa Multidisciplinar de uma Unidade de Cuidados Continuados Integrados;
·         Identificar dinâmicas de partilha de recursos (informação, conhecimento, materiais, tarefas);
·         Identificar buracos estruturais na rede intra-organizacional;
·         Identificar laços fortes e laços fracos na rede;
·         Identificar os efeitos da rede no comportamento da Equipa.
O presente estudo é sustentado sobretudo no conceito de rede social “Social Networks”. Segundo Mercklé (2004), citado por Portugal (2005), uma rede social pode ser definida como “um conjunto de unidades sociais e de relações, diretas ou indiretas, entre essas unidades sociais, através de cadeias de dimensão variável”. As unidades sociais podem ser indivíduos ou grupos de indivíduos, informais ou formais, como associações, empresas, equipas, organizações, sendo as relações estabelecidas entre os elementos da rede transações monetárias, troca de bens ou serviços, transmissão de informações que podem envolver interação direta ou não, permanentes ou pontuais. Deste modo, uma abordagem a partir da ARS permite uma enorme flexibilidade analítica relativamente ao problema que o investigador pretende estudar. Na presente pesquisa pretende-se discutir dinâmicas entre os elementos que compõem uma Equipa Multidisciplinar de um serviço de saúde, mais especificamente (as dinâmicas de cooperação), a partir do individual para compreender a rede como um todo. Segundo Knoke e Kuklinski (1982), citado por Portugal (2005), o principal valor da ARS assenta sobretudo na premissa de que a estrutura das relações entre atores e a sua localização individual na rede têm importantes impactos (perceções, atitudes e comportamentos) quer para os indivíduos individualmente, quer para o sistema num todo.
Segundo Piseli (1998), citado por Portugal (2003), o conceito de rede social constitui uma ferramenta metodológica a partir da qual se pode observar a complexidade e riqueza dos laços sociais, as dinâmicas de interacção e os processos através dos quais as formas e os espaços são construídos. Desta forma a tarefa da investigação não é estudar as relações entre unidades de sistema social e fixá-las em modelos estáticos, mas sim analisar processos, dinâmicas de interacção, movimentos do sistema social e mecanismos de mudança. Nesta perspectiva, a melhor maneira de demonstrar todas as suas potencialidades.
Assim, abordando o conceito de redes sociais numa perspectiva dinâmica que não está fixo nem “ossificado” socorre-se a uma investigação dual. Por um lado, aplicando uma abordagem quantitativa (questionário sociométrico) e, por outro lado, num momento posterior, indo ao encontro dos actores chave, através de uma abordagem qualitativa (entrevistas), sendo possível confrontar dados colhidos anteriormente e aprofundar a dinâmica de cooperação existente nesse serviço.
Segundo Cross (2010), a maior parte das organizações retira pouco partido da gestão do capital relacional. Os líderes das organizações reconhecem a importância das redes informais quando se trata de influenciar o comportamento mas não conseguem compreender quando é que essas redes são efectivas e quando não o são. Apresentam assim, uma grande dificuldade em descobrir como as redes funcionam para além dos seus próprios pontos de conexão. O que não pode ser visto, por norma não é medido, e o que não se mede, dificilmente será gerido. A perspectiva de redes sociais permite tomar decisões e simplificar as exigências de colaboração, permitindo verificar onde é que existe o bloqueamento de informação dentro de uma organização. A ARS permite simular o que aconteceria aos índices de produtividade e criatividade se actores chave saíssem da organização, fornecendo sinais de alerta antecipados.
Num futuro não muito longínquo, iremos olhar e gerir as organizações de uma forma muito diferente, iremos olhar para as organizações numa visão activa, em movimento, a terem uma vida cheia oportunidades e ameaças. As organizações não são mais que o reflexo das pessoas que lhe dão vida dia após dia.

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